por Cassiano Rodka
O super-homem acorda cedo já em seu uniforme. A carcaça cansada que olha o espelho não é a mesma que espelha ele. Há um homem robusto e sempre preparado que ele preparou para sempre refletir ele. E é esse reflexo que ele estampa pelas ruas.
O super-homem é reverenciado por onde passa. Ninguém discorda da autoridade que ele criou para si. O que ele sente, o público consente. Sua opinião é acatada por todos – e ai de quem não! Não é respeito, é só peito mesmo.
O super-homem passa o dia inteiro relembrando aos outros por que ele é o super-homem. Seu carro é o mais veloz, seu relógio não atrasa, sua meia é a mais branca. O super-homem só não tem tudo quando não tem a sua atenção.
O super-homem, quando deita, custa a dormir. Sua mente voa longe em pensamentos de grandeza. É preciso sempre ir além para manter o emblema no peito, a capa alinhada e a imagem intacta.
É cansativo ser o super-homem.