Quando o poema vira livro

Existe um sentimento que define a emoção de ver os seus escritos publicados em um livro pela primeira vez. Mas uma palavra para esse sentimento ainda escapa o dicionário. 

Se tivesse que escrever uma receita desse sentimento, eu colocaria um bocadinho de orgulho, um outro tanto de realização pessoal, um punhado de concretização de algo que procura uma forma há anos e parece finalmente transformar-se em um objeto tátil. É como se a poesia saísse do universo das ideias e tomasse forma material. Aquele conjunto de palavras que costuramos de um jeito muito pessoal agora pode ser manuseado, consumido pelos olhos, processado pelas mentes de diferentes pessoas. E é aí que entra outro ingrediente imprescindível: o outro.

Quando alguém pega nosso livro na mão é como se colhessem nossa poesia de uma árvore. Esperamos que ela seja mordida, mastigada e degustada com prazer. Somos chefs das palavras, empolgados com os efeitos que cada pedaço de poema pode trazer. Eles são agora parte do mundo, sementes na cabeça de quem os lê. Florescerão de acordo com a maneira como forem regados. Já não são mais nossos, são algo mais. 

Lancei meu primeiro livro, “Partituras”, há quase dez anos. Ver minha irmã e sócia do PáginaDois dando esse primeiro passo é um momento que se adiciona à nossa longa caminhada. São 18 anos traduzindo sentimentos em palavras. Criando conexões com um público cada vez maior, que nos carrega no celular e nos coloca na estante. Quando escrevemos, nos tornamos espelho de quem nos lê. Quando lidos, existimos.

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