por Cassiano Rodka
Um dia Clara acordou diferente. Olhou-se no espelho de frente e deu as costas à velha Clara.
Na cozinha, nada de leite. A nova Clara deleitava-se com uma omelete. Na maleta da velha Clara, um disco riscado repetia: trabalho, trabalho, trabalho. Não era problema para a nova Clara, que discava para o velho trabalho e riscava o trabalho do novo dia. Para o risco de perder o emprego, havia o sossego de ganhar um dia. Era problema da velha Clara, que empenhara o sossego por um disco riscado (que repetia: trabalho, trabalho, trabalho). Provou que seu dia seria à prova de repeteco e velharia. Se tudo era novo, é claro que Clara aproveitaria!
À noite, deitada em seu leito, Clara dormia. Sonhava com Clara acordada olhando-se de frente no espelho:
Que nova Clara ela seria no clarear de um novo dia?