
Meu corpo estatelado no chão. Minha mãe sempre disse que moto era uma roubada. Mas eu assisti Easy Rider, e não deu outra. O motorista do carro fala comigo, tenta me manter acordado. Um passante liga para a ambulância. E o resto do mundo segue. E é só nisso que eu penso. A moça louca para voltar para casa buzina. Eu não dou um pio, o mundo grita. O menino de skate para cinco segundos para matar a curiosidade. Eu, zoológico; o mundo, visitante. O moço do prédio à frente dança Beyoncé pelado próximo à janela. Eu no pause, o mundo no play. Dezenas de pessoas passam, me veem e não fazem nada. Eu, invisível, o mundo, previsível. A ambulância chega e as luzes giram e o mundo gira e a minha cabeça gira e as luzes giram e o mundo gira e a minha cabeça gira e as luzes giram e o mundo gira e a minha cabeça gira…