
Me sinto uma máquina de escrever em um mundo de computadores. Sou uma VHS em uma casa que não tem vídeo-cassete. E não estou rebobinada. Tenho um quê de caixinha de CD rachada. Às vezes, acordo meio relógio-cuco. Sem ninguém ter me dado corda. Mas quando me olho no espelho – espelho quebrado que sou – vejo algo mais. Enxergo uma máquina que segue escrevendo. Uma fita que contém memórias não reveladas. Carrego um catálogo de músicas dentro de um coração lacerado. E mesmo quando acordo sem corda, tenho algo valioso: tempo. E esse, eu não perco de jeito nenhum.