
Aos meus pais, juntos há 51 anos.
Tudo começa no olhar. Ele a vê. Impressa na íris, a imagem se traduz em palavras. A boca fala, os lábios beijam, os dentes sorriem. A mente sabe. Ela o decifra. As mãos se tocam e os corpos se enlaçam. Um abraço ou uma história saindo do rascunho. Os pés andam juntos, ritmados, até a caminhada se converter em uma valsa. Da dança, uma mudança, duas, três. Os ouvidos escutam algo além da música: um choro. O cheirinho de bebê na casa. Um, dois, três. O nascimento do amor materno, paterno, eterno.
Enquanto tudo muda – ou se reconfigura – eles seguem dançando.
Um, dois, três. Um, dois, três. Um, dois, três…