Ao Chuck, trôpego e constante
Diante da encruzilhada de um novo modo de pensar, o mundo se revela imenso. Grande como um cachalote, crescente como uma avalanche. Os pés se fincam na terra e os olhos se enchem de horizontes. Como a chegada de uma onda na praia ou um novo livro na estante.
O descolar da bunda do sofá e o lançar-se porta afora são magnólias postas ao vento enquanto a chuva, inconsequente, chora. O simples andar na rua torna-se revolucionário e consistente. Como o bater dos dedos nas teclas de um laptop, como um cálice borbulhante.
Me ponho desnudo no asfalto com a fluidez de água corrente. Conecto-me com o adiante seduzindo a serpente. Maçã não é pecado e o paraíso está posto na gente. Não é um ato de vandalismo, é o saborear a semente.
Quando o vento bate, eu o sinto nas costas. Não tanto um empurrão, um convite. Nem pra esquerda, nem pra direita, pra frente. Sem soprar escolhas ao pé do ouvido, apenas dirigindo a caminhada a um horizonte distante. Um desafio colocado na testa e eu me encontro caminhante.
Com o sabor inebriante das incertezas, sinto o passo firme em um instante. Como um sapato novo, onde o conforto (ainda) não está presente. Deixo os dedos reclamarem e as solas tornarem-se um tanque. Em cada tropeço, estou eu, uma pegada adiante.