Lá de longe, você olha para frente.
É uma senhora distância. Não dá para entender bem ainda se é uma subida íngreme ou uma vertiginosa descida. Nesse momento, só uma coisa é certa: você não estará mais aqui.
O pé direito firma o chão, o pé esquerdo dá uma hesitada. Entre passo e contrapasso, uma linha costura uma nova caminhada. Pronto! Você já está em movimento. Desamarrou a corda do que havia antes, saiu navegante em busca do depois. Curiosidade como um vento, confiança no quadrante. Bússola mais perdida que avó em fliperama. Mas a embarcação segue o seu rumo.
Não demora a fecharem-se umas nuvens e choverem imprevistos. Nunca tardam. E dê-lhe balde e remendo e guarda-chuvas. Mas há orgulho no suor e beleza no improviso. E olha ali você e você e você e você se multiplicando em quatro e segurando as pontas. Estica esse troço que vai!
Não esqueça de delegar bem as tarefas. Relaxar e curtir a jornada é vital. Deixa o fotógrafo fotografar, o escritor escrever e o folgado folgar. Aprenda a sentir o desequilíbrio como uma dança. A maresia, como uma criança. Teimosa, mas ela cansa. Quer vomitar, vomite. Chorar? Chore. Mas não deixe que nada suje a luneta.
Seria um raio de sol surgindo no horizonte? Não olhe muito que cega! Vai deixando ele chegar e observe o que ele está iluminando. Quanta coisa nova ao redor que você nem esperava alcançar. Vai se ajeitando no seu novo habitat, mas também não se acostume muito que a inércia cria mofo. Pare um pouquinho, respire esse ar fresco e curta a vista.
Lá do alto, você olha para baixo.