Meu castelo tem um soldado.
Um sujeito franzino, mas determinado.
Com sua espada trêmula em riste, ele mostra sua firmeza.
Não há dúvida, não há certeza.
Finge que está sempre preparado.
Sabe que, por seu caminho, não passará nada.
Ele está certo e, ao mesmo tempo, errado.
No limbo do acaso, ele está no centro.
Um soldado defende o meu castelo.
“Apenas um?”, você pergunta.
Um. Mas não apenas.
Existe um fogo em seus olhos que queima sem piedade.
Uma teimosia em ficar vivo e me manter também assim.
É um escudo de estanho e lealdade.
Não há exército que possa se aproximar de mim.
Quebra lanças.
Engole balas.
Mastiga tacapes.
Dá nó em maças.
Segura flechas.
Palita os dentes.
Acaba a guerra.
Estanca o sangue.
Meu soldado sempre vencerá.
Até o dia em que chegar o fim.
Para ele ou para mim.