
Ahhh, quando aquela palavrinha resolve sumir… Fica escondida sabe-se lá onde, deixando quase nu o texto do escritor. E ele busca a danada com uma longa varredura em sua mente, mas ela lhe foge à memória. E resta aquela frasezinha de topless bem no meio do parágrafo, provocando o escritor, exibindo sua falta de vergonha. E ele corre atrás dela feito um idiota, ansioso por lhe arrancar a máscara. Às vezes ela aparece disfarçada: prolixa quando ele a quer simples, feia quando ele a deseja bonita, desengonçada quando ele a busca musical. Escrever não é isso afinal? Uma cabra-cega com as palavras, um esconde-esconde com os duplos sentidos, um polícia e ladrão com a gramática. E, se nesse bangue-bangue, o escritor se encontra acuado por uma lacuna, às vezes só resta uma solução: desarma-se do lápis, leva as mãos ao peito e cai no chão: “Morri”.