por Cassiano Rodka
Com apenas uma pandorga na mão, ela contorna o mundo.
Corre feliz sem olhar para trás, deixa ela subir o mais alto que pode. Faz acrobacias, desafia o brinquedo a permanecer intacto. E ri das piruetas desajeitadas que ele performa em azul, amarelo, vermelho e verde. Não tem graça se não tem troça. Mas quando a pipa prende nas árvores, o sorriso se desmancha. Puxa, puxa e repuxa… e de nada adianta. A menina desanima. Senta no chão e chora. Mas por alguma razão inexata, talvez um mutirão de acasos, quando ela olha para cima, vê a pandorga livre riscando o céu. A menina sorri. E volta a correr, perseguindo a pipa com os seus olhinhos brilhantes. E corre tanto quanto pode, pois sabe que, em algum passante momento, o vento há de bater a seu favor.