Sinto tua presença como a maré.
No vento que levanta a areia, nas ondinhas que batem no pé. No salgado vai-e-vem das águas, és tu borbulhante. Impreciso, irritante. Improvável, mas constante. E é nessa brincadeira que me perco e caminho cambaleante. E afundo o pé na areia molhada só para te ver fugindo pelos meus dedos. Que medo tatuíra é esse, meu Deus? Que vontade cachalote é essa que te surge e que, de tão imensa, só poderias mesmo esconder aqui? Esse desejo que está na espuma e molha meus tornozelos e amarra-se à minha pele em um inevitável convite ao mergulho. Caminho em direção às águas ignorando o empurrão das ondas. E vou deixando que, por completo e de mansinho, a tua maré me abrace.