por Cassiano Rodka
A cantora não canta porque sofre. Sofre porque canta.
Aprendeu piano aos 9, passou para o violino aos 12 e aceitou sua vocação para o canto aos 14. Gravou seu primeiro compacto aos 15 e chegou ao número 1 das paradas de várias rádios do país. Aos 17, estava em seu auge, apresentando-se em todas as grandes cidades. Sua festa de 19 reuniu todas as grandes estrelas do momento – inclusive as que não gostavam dela, pois apesar da falta de empatia com a aniversariante, adoravam champanha de graça e flashes no rosto. Aos 24, gravou um disco que não agradou a crítica, nem o grande público. No dia em que fez 28, lançou o álbum que seria o seu glorioso retorno às paradas. Não foi. Aos 33, descobriu nódulos nas cordas vocais. Não podia mais cantar. Teria de fazer uma operação complicada que lhe alteraria o tom da voz. A cantora não operou. Nem parou de cantar. Voltou aos palcos com 35, cantando para pequenas plateias. Sua voz não é mais a mesma, mas ela sabe que não pode parar. Uma cantora sem o canto perde a sua função. Hoje, aos 42, ela não encanta mais. Mas canta. Para que talvez um dia se cale a sua imensa dor.