
imagem: Diego Medina
por Cassiano Rodka
Ensolarado de ideias, o guri correu até o rio. Num rompante pelas areias do Guaíba, ele seguiu até a beirada com os braços abertos, tão esticados que poderiam abraçar o mundo. Seu sorriso não tinha horizontes. Com os pés enterrados na areia, o guri respirou fundo. No aroma que lhe invadiu o corpo, sentiu sua mente ser percorrida por pequenas ondas. Podia sentir seus pensamentos sendo tragados para o fundo escuro das águas. Seu sorriso se encolheu. Esvaziado de possibilidades, o guri deitou-se no chão. Sob um céu encoberto de nuvens escuras, era ele um cemitério de ideias.
Este texto foi escrito originalmente para a revista Flâneur, veículo impresso dedicado a explorar a cidade de Porto Alegre sob uma nova ótica.